sábado, novembro 13, 2010

Plano estratégico pedido para os vinhos da Bairrada


Uma estratégia para "fazer ressurgir o esplendor que a região já teve há alguns anos atrás" foi o que Victor Damião, presidente da Adega Cooperativa de Cantanhede desejou hoje (dia 13) para a Bairrada, durante o XVII Encontro Anual "O Dia do Associado" .
O presidente da direcção não tem dúvidas que a região "tem dos melhores ‘terroirs' do país para a produção de vinhos brancos e tintos e de espumantes de grande qualidade." O que parece faltar, e que "é urgente mesmo", é "desenvolver um plano estratégico de promoção desses nichos através das entidades vocacionadas para isso, tais como a Comissão Vitivinícola da Bairrada, a Rota da Bairrada, entre outros actores regionais, numa estreita ligação com entidades nacionais como a ViniPortugal, o IVV, o AICEP, etc."
Organização, estratégias e objectivos foram apontados como os elementos para que uma região possa ter sucesso. O caminho a seguir, acredita, passa por, num primeiro momento, "identificar com clareza os pontos fortes e os pontos fracos da região." Os pontos fortes devem ser então potenciados "com grande vontade e mesmo orgulho." Já para ultrapassar os pontos fracos é necessário "encontrar soluções."

Programa apoia Bairrada com 9 mil euros por hectare
 
Restruturação da vinha e promoção no mercado mundial são por sua vez as duas prioridades do Governos para este sector. O Secretário de Estado das Pescas e Agricultura, Luís Vieira, esteve hoje em Cantanhede a lembrar que nos últimos 10 anos já foram restruturados 40 mil hectares de vinha. Destes, cinco mil hectares foram na região das Beiras.
As previsões são que o número ascenda a 52/53 mil hectares até 2013. Para isso vão contribuir os programas de ajuda já existentes, como o programa Vitis. Luís Vieira lembrou que a ajuda dada à Bairrada é de cerca de 9 mil euros por hectare.
"Temos tido muita procura do Douro e da região dos vinhos verdes", salientou o Secretário de Estado, destacando que umas regiões "têm reagido melhor do que outras."
No que diz respeito ao português nos mercados internacionais, destaque para um aumento das exportações, que nos primeiros meses deste ano registaram uma subida de 12.9 por cento. De salientar que "já não é só o vinho do Porto que tem papel significante" a este nível.
"Cada vez exportamos menos vinho a granel", e "estamos a exportar vinhos engarrafados." Ainda que a quantidade da produção nacional não seja muito elevada, "temos vinhos de qualidade."
É com o objectivo de afirmar no exterior essa imagem de vinhos portugueses de qualidade que o Governo criou a marca Wines of Portugal (Vinhos de Portugal).
Luís Vieira confessou-se "satisfeito com os resultados alcançados neste sector." É afinal um "sector de excelência da agricultura portuguesa" e em que "melhorámos imenso" nos últimos anos.

Vinhos devem ir "ao encontro do que o consumidor actual deseja"
 
"Uma interessante jornada de convívio, formação e reflexão" foi o que a direcção da Adega Cooperativa de Cantanhede propôs aos associados no seu encontro anual. Mais do que discutir estratégias para o sector, a sessão serviu também para elucidar os associados sobre aspectos mais técnicos da viticultura.
Melhorar a viticultura praticada é a forma de "se conseguir boa matéria-prima, ou seja, boas uvas, sadias e no estado de maturação adequado", lembrou Victor Damião. O objectivo final é o de "melhorar cada vez mais a qualidade dos vinhos e espumantes produzidos."
O consumidor é outra das variáveis que entra na equação. Os vinhos devem ter "o perfil adequado a cada nicho de mercado, dentro das castas permitidas na região, mas continuando e reforçando a genuinidade dos vinhos com as castas tradicionais da Bairrada."
Afinal, "'vinhos de quinta' não facilitam a vida às adegas Cooperativas", lembrou o presidente da autarquia local João Moura.

"Ainda se produz quantidade significativa de maus vinhos em Portugal"
 
A Viticultura foi o tema central das duas palestras apresentadas hoje, durante o encontro. Anabela Andrade, técnica da Direcção Regional de agricultura e Pescas do Centro, referiu-se à "Viticultura baseada na casta Baga"
Esta casta é "tida, quer queiramos, quer não, como ex-libris". Trata-se de uma casta que apresenta características como "vigor forte", "elevada fertilidade"," maturação tardia" e que dá "aptidão ao vinho para envelhecimento."
Mesmo depois da plantação de outras castas "a baga continua presente e continua a ter um peso muito forte nos encepamentos tintos da Bairrada. Não podemos ter dúvidas que vai continuar associada à Bairrada, como região de produção de vinhos de qualidade."
Porque ela é "capaz do melhor e do pior, emblemática e problemática", Anabela Andrade lembra que a sua condução implica a atenção a um conjunto de factores e de técnicas que devem ser escolhidos em função das características do solo, clima, características da casta, nível de vigor, tipo de colheita, entre outros.
"Viticultura para vinhos de qualidade" foi o segundo tema da manhã, abordado por Luís de Carvalho. Este consultor lembra que "ainda se produz quantidade significativa de maus vinhos em Portugal. Assim sendo, parece-me imperativo que continuemos a trilhar o caminho da qualidade"
O momento para agir é o da plantação da vinha, uma vez que "depois de uma vinha estar instalada, já não há muito a fazer." Luís de Carvalho reforça que "cada vez mais é consensual que a qualidade dos vinhos tem origem na qualidade da matéria-prima."

Trabalho de colaboradores e associados distinguido
 
Um colaborador e um associado viram hoje o seu trabalho reconhecido pela Adega Cooperativa de Cantanhede. À semelhança do que vem acontecendo em anos anteriores voltaram a ser entregues as distinções de "Colaborador do Ano" e de "Associado do Ano."
Lino José Lopes Baptista foi o colaborador distinguido. Aquele que é o colaborador mais antigo, desde 1966, viu serem-lhe reconhecidos o empenho e a dedicação.
Amílcar de Oliveira Fontes foi o escolhido para "Associado do Ano." É um reconhecimento do espírito de preocupação pela obtenção e entrega de "uma produção de qualidade."
A direcção da Adega quis ainda expressar um agradecimento a José Canha, figura com passagem pela direcção de diversos organismos, pelo seu "empenhamento na resolução de problemas" e pela forma como conseguiu "retirar obstáculos."

in: bairrada-wines.com

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