Nas instalações de Cordinhã, no concelho de Cantanhede, Maria João de Almeida esteve à conversa com o sócio-gerente da Quinta de Baixo. Encontrou aqui "um dos exemplos do bom vinho que se faz hoje na Bairrada. São vinhos modernos e gastronómicos, bem ao gosto do consumidor atual."
Jorge Silva falou ao programa "Entre Copos" da especificidade da localização desta propriedade, lembrando que estamos na zona sul da região, "um local dos mais emblemáticos da Bairrada."
As vinhas, de solo argilo-calcário, ficam "dentro do famoso triângulo que é Cordinhã, Cantanhede e Ourentã." O resultado é "um terroir de exceção, para podermos fazer os vinhos com as características que temos."
A Quinta de Baixo é hoje um projeto jovem, abraçado por dois amigos há quatro anos e meio, agarrando numa marca existente há cerca de 20 anos. Depois das reestruturações enquadradas "no espírito daquilo que queríamos fazer", a Quinta de Baixo acredita ter hoje reunidas as condições " para produzir vinhos únicos."
Vinhos Bairrada com um perfil "mais consensual, mais moderno" é o objetivo da casa, ainda que, assegura este responsável, "não vamos descurar os antigos admiradores dos Barradas antigos."
A Baga, sendo uma "casta tinta rainha na Bairrada e única no país e no mundo ", tem aqui um lugar de destaque, dando origem a "vinhos bastante gastronómicos." Jorge Silva adianta ainda querer "que as pessoas reconheçam a austeridade da Bairrada de uma forma positiva, porque a austeridade da Bairrada é a nossa identidade e é isso que queremos. Não necessariamente terão de ser vinhos adstringentes e menos fáceis de beber, como eram alguns vinhos de antigamente. A austeridade tem a ver com vinhos únicos, distintos e diferentes. É esse cunho que queremos dar aos vinhos da Quinta de Baixo."
A "viagem" pela Quinta de Baixo termina nas visitas guiadas que aqui se podem realizar, onde o visitante pode conhecer melhor todo o processo da produção de vinho, desde a receção da uva, ao copo.
O programa pode ser visto, na íntegra, aqui.
Os nomes por detrás dos néctares Campolargo
É sobre esta "originalidade dos nomes" que versa parte da conversa com Carlos Campolargo, acabando o produtor por revelar os episódios na origem dos nomes de alguns dos seus vinhos. Tratam-se de "nomes que nunca foram uma coisa fruto de uma ficção qualquer." Nasceram sim inspirados por cenas do dia a dia, ou até pela própria paisagem local.
Um exemplo é o vinho Termeão. O nome deste néctar nasce da colina do Termeão, que é possível vislumbrar na propriedade de São Mateus. História semelhante tem também o Entre II Santos, um vinho oriundo da propriedade localizada entre as localidades de São Lourenço do Bairro e São Mateus, estando " realmente entre dois santos," brinca o produtor.
Já o Vinha do Putto surge por motivos distintos. Quando a casa decide lançar um vinho com interesse para o mercado angolano, sendo o termo "puto" identificativo de "algo de Portugal", a família não teve dúvidas em apelidá-lo de Vinha do Putto.
Carlos Campolargo conta ainda a história por detrás do nome Diga?. Vem do momento em que um novo vinho feito com a casta Petir Verdot era dado a saborear. Os "provadores de serviço" reconheciam um néctar "diferente", querendo saber do que se tratava. "Diga?", ou "o quê?" eram algumas das reações mais comuns ao nome Petit Verdot, obtido como resposta.
170 hectares para gerir
Os 170 hectares geridos por esta casa da Bairrada não faltaram à conversa. Estão inseridos numa zona onde também "temos os nossos próprios problemas, não precisamos de pedir emprestados a ninguém."Carlos Campolargo lembra que "temos esta proximidade ao mar, temos esta imensa facilidade de propagação das doenças da vinha e portanto temos aqui uma necessidade de fazer maiores tratamentos em cada ano."
Em compensação, não faltam "uma série de coisas que nos dão grande alegria: os nosso vinhos são frescos, são equilibrados, têm um bom sotaque, falam o nosso terreno e o nosso clima, e isso dá-me uma grande alegria."
Quanto à marca Campolargo, Maria João de Almeida encontrou aqui uma família ligada desde há longos anos ao vinho. A história remonta ao avô de Carlos Campolargo, um lavrador que já então fazia algo de pouco comum, separando as uvas brancas para fazer um vinho branco, que "era bastante apreciado." Era um néctar "de muitíssima boa qualidade e nós procuramos seguir-lhe as pisadas, na maneira como o fazemos, na simplicidade de processos que usamos."
O trabalho havia de ser seguido pelo pai de Carlos Campolargo, continuando ainda hoje a envolver as novas gerações. Afinal, "quando se nasce numa casa de lavrador na Bairrada, nunca se deixa o vinho, porque se vai ter sempre, pelo menos, saudade de ir à adega para provar o vinho novo."
O programa "Entre Copos com Carlos Campolargo" está disponível aqui.
(texto escrito segundo o novo acordo ortográfico)
in. bairrada-wines.com
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