quinta-feira, novembro 25, 2010

Encontro do Serviço de Avisos Agrícolas atento à nova reforma da Comissão Europeia

Tem como objectivo um sector agrícola sustentável, inteligente e inclusivo a reforma que a Comissão Europeia acaba de comunicar para o sector. Dá pelo nome de "A PAC no horizonte 2020: Alimentação, recursos naturais e territoriais - responder aos desafios do futuro" e foi um dos temas que não passou hoje ao lado do 2.º Encontro do Serviço Nacional de Avisos Agrícolas, em Anadia
A comunicação da Comissão Europeia, do passado dia 18 de Novembro, é um dos factores que vem tornar "por demais evidente a necessidade de compatibilizar e reorientar as necessidades da produção fitossanitária das culturas com a observância de um conjunto de medidas de redução do risco." O alerta foi dado hoje na Bairrada por Flávia Alfarroba, sub-directora da Direcção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural, no primeiro dos dois dias do Encontro.
Estas medidas "passam pela redução da dependência do uso de produtos fitofarmacêuticos, pelo incremento do uso de alternativas não químicas e pela necessidade de serem seguidos como norma os Princípios da Protecção Integrada, estes últimos obrigatoriamente a partir de 2014."
Aquela responsável está ciente que "os desafios que se colocam são enormes". É uma tarefa que vai " exigir a conjugação de esforços por parte de todos, sector público e privado, na procura de soluções adequadas aos problemas fitossanitários."

"Um dos fóruns importantes de discussão dos problemas fitossanitários do país"
 
O Serviço Nacional de Avisos Agrícolas pode ter a este nível "um papel preponderante" dado o seu trabalho no que diz respeito às questões fitossanitárias, tal como o Encontro Nacional. Este é afinal " um dos fóruns importantes de discussão dos problemas fitossanitários do país", assegura Flávia Alfarroba.
Foi em torno destas questões que se focaram algumas das comunicações no programa do Encontro que começou esta manhã, dia 25, e termina amanhã à tarde. A iniciativa conta com 315 pessoas inscritas e dezenas de palestrantes.
Em análise estão "os principais problemas fitossanitários com os quais o país actualmente se confronta, as estratégias de combate, os constrangimentos ou limitações ainda existentes nalguns casos, e que dificultam a sua resolução."
Também António Ramos, director regional adjunto da DRAP Centro não tem dúvidas que "estes dois dias vão ser importantes" para preparar um futuro onde esteja assegurada "a preservação da biodiversidade", numa "gestão sustentável."
A própria reforma da PAC - Política Agrícola Comum mostra que "é cada vez mais urgente saber usar os fitofármacos e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente."

Produtos com "falta de credibilidade"
 
A questão dos tratamentos fitossanitários foi trazida para cima da mesa também por Litério Marques, presidente da Câmara Municipal de Anadia. O autarca admite que "há normas que são impostas aos países", e que " não se faz o que se quer, porque estamos num mundo globalizado e as leis são para cumprir." Litério Marques apelou sim aos laboratórios, evocando que "não é legítimo que se pague cada vez mais caro esses produtos 'para nada', como diz o povo."
A situação tem de ser discutida "com realismo" e a "falta de credibilidade na apresentação dos produtos" combatida. O autarca voltou a dirigir-se aos laboratórios, apelando-lhes por produtos que na verdade "controlem as pragas, ou não andem a dizer que faz e não faz nada."
As principais pragas, ao nível da vinha, que vão estar durante estes dois dias em análise são o Black-rot, Flavescência Dourada e Scaphoideus titanus. "A podridão da vinha na região da Bairrada" foi mesmo o primeiro tema da sessão, apresentado por Isabel Magalhães, da DRAP Centro.
Esta comunicação lembrou que as podridões se podem "manifestar em diferentes fases do ciclo vegetativo da videira, mas principalmente e com mais evidência nos cachos de uva, perto da colheita, podem ser provocadas por vários agentes e, assim, terem várias designações."
A podridão cinzenta é provocada pelo fungo Botrytis cinerea. Os viticultores da Bairrada conhecem-na bem, "mas existem, também, outras podridões mal conhecidas, como é o caso da podridão ácida e do "Black-rot"."

Podridão cinzenta e "Black-rot" em debate
 
As medidas de protecção fitossanitária e as intervenções recomendadas pelas Estações de Avisos recaem sobre a podridão cinzenta (Botrytis cinerea) e o "Black-rot", provocadas por agentes patogénicos.
A primeira é uma "inimigo-chave da vinha da Bairrada, principalmente da casta Baga. É principalmente nos cachos que a podridão cinzenta pode causar prejuízos. Antes da floração pode atingir as inflorescências, podendo conduzir à perda total dos cachos. A infecção pode ocorrer durante a floração, infectando os grãos de pólen e instalando-se nos órgãos florais, podendo levar à destruição parcial do cacho. Outros períodos sensíveis são o pintor, em que a película dos bagos começa a ficar mais fina podendo o fungo germinar sobre os bagos e durante a maturação."
As medidas culturais, que proporcionem "um bom arejamento dos cachos e boa distribuição da vegetação" têm tido "particular importância." Eficaz tem sido também "manter a vinha com um vigor equilibrado e evitar o aparecimento de feridas nos cachos, através dum adequado controlo da traça, do oídio, etc.."
Nas recomendações efectuadas pelos Avisos Agrícolas, "tem sido adoptado o Método "Standard", que considera os períodos de maior receptividade à doença: a) a floração/alimpa; b) antes do fecho dos cachos; c) o início do pintor (estádio M) e d) 3-4 semanas antes da vindima."
No que respeita ao "Black-rot", o "controlo e os meios de luta indirectos são fundamentais na redução de fontes de inóculo, sendo importante retirar e queimar os órgãos atacados (cachos e varas), em vinhas onde a doença já tenha sido observada."
A comunicação destaca que "os ditiocarbamatos, estrobilurinas e azóis (usados para o combate a míldio e/ou oídio e/ou escoriose) têm sido referidos como adequados protectores contra o Black-rot."

Traça da uva na Bairrada sob a lupa da DRP Centro
 
A Bairrada está em destaque neste Encontro ainda no que respeita à "traça da uva na região da Bairrada". A comunicação, também a cargo das técnicas da DRAP Centro, alerta para "um lepidóptero da familia Tortricidae presente nas vinhas da região da Bairrada", que é "responsável por significativas perdas qualitativas e quantitativas." O comportamento da praga na região e a oportunidade de tratamento a adoptar foram os aspectos aqui abordados.
Recorde-se que os estragos a este nível "traduzem-se em prejuízos resultantes da instalação de podridões, em particular da podridão cinzenta."
Para o controlo deste inimigo, dos estragos e prejuízos indirectos são aconselhadas "a importância da biomonitorização da traça com recurso a armadilhas delta para precisar o início do período de risco", bem como "a realização da estimativa do risco por observação visual de inflorescências e cachos como forma de avaliar a necessidade e oportunidade de realização de uma intervenção."
Um dos pontos altos para a Bairrada, para o programa de amanhã, é a comemoração dos 40 anos da Estação de Avisos da Bairrada.
 
 
  
 
 

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